sábado, 9 de julho de 2011

Simplesmente olhares...

É impressionante como um olhar realmente pode fazer muita diferença! Essa frase muitas pessoas já ouviram, mas será que já pensaram em olhar as coisas de uma forma mais interpretativa? Certo dia ele saiu de casa para ir ao encontro de alguns amigos que não via há algum tempo. Pensava em várias coisas da vida. Estava vivendo em um conflito interno. Juntava desilusões com problemas familiares e preocupações financeiras. Lembrava das muitas coisas que já tinha feito naquele ano, das quais, poucas foram significantes para a sua felicidade. Em um determinado momento, ele parou para observar: como as pessoas transmitem mensagens sem, ao menos, falarem algo?! Ao seu redor estavam várias pessoas, com destinos diversos (alguns parecidos) e com histórias de vida distintas, mas que, por algum motivo, passavam pelo mesmo local. Pensava ele nos sentimentos que cada pessoa trazia em seu olhar. Uma mãe, ao cuidar de um filho com tanto carinho, enquanto desciam do transporte coletivo. Um senhor todo vaidoso, com gel no cabelo, suéter branquinho (combinando com os cabelos) e um charme especial – esse lhe transmitia muita sabedoria no olhar esperançoso da vida que carregou. Ao longo do caminho, pessoas e mais pessoas se entrelaçavam na larga calçada do centro da cidade, todas com seus olhares cuidadosos e, ao mesmo tempo, pensativos. Algumas demonstravam certa preocupação, talvez com o horário de entrada no trabalho, outras calmaria, essas estavam apenas enrolando. Olhares que reparam nas vitrines, loucos para aderir ao tal produto exposto. Brilhos que saiam ao se esbarrar com alguém interessante. Mesmo com todos esses olhares, uma coisa não lhe saia à mente: a felicidade. Essa parecia estar presente em todos os olhares. Ao seu lado, andava uma moça – da qual sabia que a conhecia há muito tempo, mas quase não se falavam – que lhe cumprimentou. Após a saudação, não conseguia desviar o olhar, ambos estavam sem jeito com a situação, queriam algo mais um do outro, mas as marcas passadas lhes impediam de tomar a iniciativa. Os dois se recolheram aos próprios pensamentos e, com apenas um aceno com as mãos, se afastaram. Chegando ao local do encontro com os amigos, um espelho chamou a atenção dele. Pensava consigo mesmo: será que aquilo que vejo nos olhos das pessoas também estará no meu? Começou a contemplar seu próprio reflexo. A pele marcada, as grandes olheiras, as marcas do tempo... até chegar ao esperado olhar. Ah, o olhar! Esse já não era o mesmo. A vida lhe tinha passado como esses instantes em que caminhava. Já a felicidade, essa, no seu coração, não mais estava!

Nenhum comentário:

Postar um comentário