quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Aos 19


É, e mais um ano se passou. Muitas coisas aconteceram em tão pouco tempo. Muitas lembranças. Algumas que seriam melhor que não estivessem acontecido, outras que não estivessem acabado. Mas o sonho continua!
À beira do sinal numeral de envelhecimento, percebemos o quanto “coisas” e pessoas foram importantes, mas ao menos tiveram o seu lugar reservado na lotada agenda diária. A cada segundo a história é construída e sequer notamos que há um risco dela ficar no esquecimento. É preciso fazer, é preciso acontecer, é preciso viver!
Na busca incessante pelo sonho realizar-se é preciso fazer a diferença. Cada gesto é elemento chave para a construção de uma vida.
É incrível como passamos os “primeiros” anos de nossa vida, sonhando com o envelhecimento, mas quando chegamos à idade esperada, passamos a sonhar em poder voltar atrás. Não e que existam arrependimentos do que fizemos, mas sim do que deixamos de fazer quando ficamos parados, esperando o tempo passar. Cada minuto teria sido vivido com maior intensidade se a sabedoria de hoje fosse predominante naquela época.
Ah quinze anos, como essa idade é bonita e ao menos percebemos. Passamos horas nos lamentando e pensando em como seria de já tivéssemos a liberdade que demoraria três anos para chegar.
Liberdade, ah se soubesse que nunca existiria. Os compromissos, preocupações e sonhos a anulam. Mas uma coisa é certa, a esperança continua a mesma.
Quando pequeno, sonhava com um mundo impossível. Cheio de heróis e apenas com coisas boas. Cresci um pouco e os sonhos persistiram, agora eram relacionados ao sucesso, fama, dinheiro, dentre outros. Hoje, o que persiste é a certeza.
Certeza de que tudo o que realmente sou foi construído, parte a parte, por aqueles que certamente fazem a diferença. Cada pessoa que conheci, cada lugar que passei, cada sonho que sonhei, foram constituintes de um ser. Mas aqueles que realmente me fazem sonhar, agora com a eterna felicidade, são aqueles que persistem em, mesmo longe, me influenciar.
Aos meus familiares, amigos e professores, o meu muito obrigado, pois realmente são o tempero necessário para a construção de um ser que leva consigo a esperança de um conglomerado de realizações.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O tempo é o senhor da sabedoria


Ele quase não sabia o que dizer, o coração estava dilacerado. Não sabia nem se era melhor continuar ou acabar de vez com aquela angústia.
Ela apreensiva e notavelmente com os prantos recolhidos. O momento não era o mais propício para a conversa, mas isso precisava ser feito.
Os nervos já não controlavam a emoção e por dentro agonizavam de tristeza. Entre choros e sorrisos a frase mais famosa foi dita:
-Não sei o que dizer – fora ridícula, ele sabia, mas realmente não conseguira sequer expressar seus sentimentos, que dirá seus pensamentos.
A conversa foi sendo prolongada, falavam de tudo, desde os motivos da situação até coisas desnecessárias. Era preciso tudo isso para que a felicidade fosse resolvida.
Ambos tinham o mesmo desejo: solucionar os problemas e buscar a felicidade. Isso não foi necessariamente o que aconteceu.
Nem sempre a felicidade é encontrada no caminho certo. O resultado continuou sendo ruim, do mesmo jeito continuavam os dois a sofrer muito.
Retornaram ambos para seus lares. Pensavam, choravam, sofriam, lamentavam. Mas sabiam: o tempo é o senhor da sabedoria.

sábado, 30 de outubro de 2010

E o dia amanhece chuvoso.


Triste como quem necessitava de um abrigo.
Feliz como quem dependia de um auxilio divino.
 Sombrio como quem descobre a doença.
Claro como quem luta pela cura.
Agitado para aqueles cuja função é salvar.
Calmo para aqueles que gostam de descansar.
Chato para aqueles que não conseguem parar.
Legal para quem aprecia dormir e sonhar.
Mas afinal, como será esse dia?
Não sei. Só sei que deve ser aproveitado.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mais um dia de experiências

Era um dia importante. Logo cedo foi obrigado a despertar, pegar a mochila e partir para mais um desafio: enfrentar muitos jovens e adolescentes indecisos. Fora necessário pegar condução coletiva. Ia reparando as coisas pelo caminho e conversando com a amiga de muitas horas.Ao chegar ao ilustre campus, a surpresa foi notável: teria de auxiliar na produção jornalística.

A manhã foi passando e a correria do “ao vivo” fazendo com que tudo tivesse um gostinho de quero mais. Ligação vai, ligação vem. Entrevista vai, entrevista vem. E mais uma atividade a serviço da informação chegara ao fim.

Ao meio dia era notável o “ronco” no estômago. Foram todos diretamente para o restaurante com nome de fruta saborear os “pratos do dia”. Em meio a diversas combinações de assuntos proseados, eis que surge a voz:

- Eu não tenho dinheiro. Vocês pagam pra mim?

Em um gesto de amizade, todos se unem para fazer uma “mimosa” em prol da companheira de estudos e profissão. Até o mestre entrou na “parada”.

Minutos depois, dirigiam-se ao encontro dos inquietos responsáveis pelo futuro da nação: os estudantes que procuravam esclarecer dúvidas sobre as diversas profissões. Ao chegarem à seus postos, logo recebem a mais nauseante afirmação:

- Graças a Deus o diploma não é exigido!

E mais ainda:

- O curso oposto é melhor que o nosso!

Bastaram essas palavras para que a “merda” estivesse feita. Repugnados por tamanha barbaridade e enjoados de calar-se perante tanta falação, assumiam, pouco a pouco, a palavra e disseminavam o conhecimento junto aos demais.

O dia foi passando e o cansaço batendo à porta. Eis que resolvem encerrar o expediente. Juntamente com a “companheira”, aquela de todas as horas, e o mestre, retorna com a tão famosa condução: o transporte coletivo.

Os assuntos eram acadêmicos, tirando algumas observações pessoais, e o caminho ia se encurtando.

Chegavam ao destino, mas a volta não terminava por aí. Era preciso se separar dos demais e pegar mais uma condução até o destino desejado.
Os pensamentos, em meio à sinfonia de rangidos do veículo já usado e o sono que lhe alcançava aos poucos, foram determinantes para que o caminho torna-se curto e a “viagem” mais rápida.

Ao chegar ao tão esperado lar, a notícia não foi tão boa. Respondera furioso:

- Não acredito que deu embora a Belinha – a cachorrinha era sua protegida na casa.

Ainda nervoso, dirigi-se ao quarto e após horas de pensamentos, chega a uma conclusão:

- Mesmo com as dificuldades, foi gostoso vivenciar novas experiências!

Hortas caseiras concentram acervo de espécies raras

Entre as hortaliças encontradas nas plantações de fundo de quintal, o “quiabão” e a “super vagem” são destaques
Alisson Gusmão 
 Frutas, verduras e legumes frescos são elementos importantes para uma alimentação saudável. Presentes em plantações no fundo de quintais de alguns maringaenses, os alimentos são cultivados por pessoas que mantêm, em casa, espécies raras e sementes de qualidade. É o caso do “quiabão”, produzido por um aposentado em Maringá e famoso em bairro conhecido da cidade.
Em edição publicada em 2008, o jornal Matéria Prima retratou, em texto escrito por Elen Bocca, a história de moradores do jardim Alvorada, região norte de Maringá, que cultivavam hortas com vários produtos distintos. Entre os quais, o quiabo de metro que, produzido por Ilário Moquiuti, 80, chegava a até dois metros de comprimento.
Dois anos após a publicação, o aposentado, hoje morador na Zona 2 (região Central), tem uma plantação com o dobro do tamanho do anterior e de produtos que tinha na antiga casa. Segundo ele, foi necessário muito trabalho para a criação da nova horta, pois a terra estava imprópria para o plantio. “Gastei 78 latas de terra e 18 sacos de adubo para ‘reformular’ a data [o terreno], mas ainda não foi possível o cultivo do quiabo grande, o bicho é enjoado [risos], até pegar dois metros ele é exigente”, afirma.
Elen Bocca, 23, hoje no 4° ano de jornalismo, relata que encontrou nesse assunto prazer para redigir a reportagem. “São essas matérias que dão o ‘gás’ necessário para investigarmos temas curiosos como esses, pois além de informativos, divertem o leitor”, afirma a estudante. Ela conta ainda que se divertiu com o tema e que lhe rendeu recompensas. “Achei diferente, me diverti muito com o senhor Ilário. Muitas pessoas de fora de Maringá me mandaram e-mail pedindo o contato dele. Isso é o mais gostoso, pois você consegue ter um retorno do trabalho e vê que o leitor gostou.”
Moquiuti conta que, depois que Elen o procurou, aconteceu uma história engraçada. “Estava no portão com o quiabo pendurado no pescoço e duas senhoras passaram por mim, olhando com cara feia. Alguns minutos depois uma me disse: ‘você não tem respeito não, onde já se viu, carregando cobra na rua?’”. Ele explicou que o quiabo se parece com uma serpente, pois é grande e de cor mesclada em tons de verde com o cabo inclinado como uma cabeça e a ponta enrolada como um rabo.
Mesmo não conseguindo colher o seu melhor produto, que tem uma característica com menos “baba”, que o diferencia das demais espécies de quiabo, Moquiuti diz receber visitas constantes dos amigos e antigos vizinhos que, além de matar a saudade, vão à procura dos demais produtos. Desses, o que se destaca é a vagem, colhida recentemente e que, também devido ao tamanho, lhe rendeu um novo apelido: “super vagem”. 
Para o engenheiro agrônomo Flávio Antonio Degasperi da Cunha, 48, as hortas de fundo de quintal são plenamente viáveis e não exigem maior conhecimento. Segundo ele, “a agricultura é inerente à raça humana, mas as novas gerações estão perdendo o hábito de cultivar hortaliças”. O mestre em agricologia, que, apesar de já ter ouvido falar, ainda não conhece o quiabo de metro, ressalta a importância dessas plantações, que ajudam no resgate da existência de diversidades genéticas das sementes pouco conhecidas. 
Com uma visão voltada para a importância nutritiva, a nutricionista Érica Letícia Gusmão Antonio, 24, afirma que esses produtos são importantes, pois deles se obtém vitaminas e minerais necessários para o bom funcionamento do organismo. “As plantações caseiras facilitam na alimentação variada. São alimentos mais saudáveis, pois não contêm agrotóxicos”, completa.


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

“A construção da paz deve ser coletivamente”

Leilane Wesselovicz, coordenadora da Pastoral da Criança de Maringá, relembra exemplos de Zilda Arns no trabalho voluntário
Alisson Gusmão
Foto: Drika Favoreto
Foi no horário do almoço, com o típico vazio no estômago e em um dia chuvoso de outubro que a reportagem do jornal Matéria Prima chegou à casa onde está instalado o escritório arquidiocesano da Pastoral da Criança. O objetivo não poderia ser outro: uma entrevista com a coordenadora do movimento, Leilane Rodrigues Garnica Wesselovicz.
O caminho foi tranqüilo. Vários trabalhadores se dirigiam a seus lares ou restaurantes para arrebatar o momento tão aguardado durante toda a manhã. Para não errar, o repórter carregava o mapa das ruas em mãos. Passou pelo cemitério, virou à direita, deu algumas voltas, errou a rua, retornou e, enfim, encontrou o prédio procurado.
Foi só entrar na casa e já era notável a presença das pessoas que dedicam parte do tempo ao próximo: as voluntárias. Elas esperavam pela mesma pessoa: Leilane Wesselovicz, 49, coordenadora arquidiocesana da Pastoral da Criança. O motivo era outro, parabenizá-la pelos anos que completava naquele mesmo dia.
Bastou perguntar pela coordenadora que, com o sorriso de uma das secretárias, veio a resposta: “ela já vem”. Também com um sorriso estampado no rosto, a entrevistada chegou convidando o repórter para almoçar. Foi irresistível! Logo após o almoço e aguardados alguns minutos, suficientes para fazer novas amizades, Leilane, inquieta e animada, começava a responder as primeiras perguntas.
A Pastoral da Criança é um movimento de ação social ligado à Igreja Católica. Como funciona esse trabalho?
A Pastoral da Criança é um instrumento de promoção da vida, porque desenvolve um trabalho que leva a vida em abundância a todas as crianças. Esse trabalho é desenvolvido por líderes voluntárias que o fazem com dedicação, com amor. Elas vão de casa em casa e levam paz, amor e solidariedade a todas as famílias. Além das visitas domiciliares é realizada a celebração da vida. As líderes reúnem as crianças e além de orientar, fazem o trabalho com as mães. As crianças são pesadas para ver como estão se desenvolvendo. Também é desenvolvido um trabalho com gestantes, através de um grupo onde elas se reúnem e recebem informações sobre saúde, nutrição, educação e cidadania.
A senhora está há 22 anos na Pastoral da Criança. Começou como líder voluntária e já trabalhou em vários níveis de coordenação. Por que trabalhar nesse movimento?
A princípio, quando entramos na Pastoral da Criança, temos a ideia de ajudar ao próximo, levar qualidade de vida para as pessoas. Com o passar do tempo, percebemos que as maiores beneficiadas somos nós mesmas, porque ganhamos muito com isso. O fato de saber que estamos contribuindo para a qualidade de vida das famílias, para diminuir as injustiças sociais, as desigualdades, faz com que aumente a nossa auto-estima. É o amor!
Além de fundadora, quem foi Zilda Arns para a Pastoral da Criança?
Ela foi uma guerreira. Plantou uma sementinha lá em Florestópolis [distante 104 Km de Maringá] por conta do índice muito alto de mortalidade infantil, desenvolvendo ações simples, mas eficazes, que foram se multiplicando pelos outros municípios, Paraná, Brasil e hoje está em 21 países. É uma guerreira que realmente promoveu vidas pelo mundo todo. É um exemplo de mulher.
Ela [Zilda Arns] estava em missão no Haiti, quando foi soterrada no terremoto de 12 de janeiro. Qual era essa missão no país e como foi receber a notícia do desastre?
A missão dela seria implantar a Pastoral da Criança lá também e, infelizmente, no momento em que ela estava dando uma palestra, foi ceifada por esse terremoto. Quando a gente fala da doutora Zilda nos emocionamos porque realmente ela [pausa], nos dava segurança. Eu tive a oportunidade de recebê-la aqui, enquanto coordenadora da Pastoral da Criança, quatro vezes na minha gestão. Era uma pessoa iluminada, uma pessoa que você não via séria nunca, sorria o tempo todo. Transmitia muita paz, muita segurança, muita força. Quando ela vinha a Maringá, elevava a auto-estima das líderes, motivava o trabalho mais ainda. A princípio, quando veio a notícia do falecimento dela, nós ficamos bem desanimadas e, no primeiro momento, até pensamos que o trabalho poderia realmente diminuir, mas  percebemos que isso acabou nos dando uma força maior ainda.
Em Maringá, quais são as metas e os obstáculos que a senhora encontra?
Nós acompanhamos aqui na Arquidiocese de Maringá mais de 14 mil crianças. São 28 municípios e 57 paróquias. Acompanhamos apenas 40% das crianças pobres, enquanto 60% estão descobertas. Um dos entraves é esse: a falta de lideranças, de voluntárias para que a gente possa atingir 100% das crianças acompanhadas. Infelizmente o voluntariado hoje está difícil, porque alguns anos atrás as mulheres não trabalhavam fora. Hoje, a realidade é outra, as mulheres vão trabalhar para ajudar no orçamento familiar, mas mesmo assim, aquelas que trabalham fora, que têm outras atividade, continuam com menos intensidade. Menos famílias acompanhadas, mas continuam. Antes eram muito mais líderes que conseguiam acompanhar um número maior de crianças.
A senhora consegue desenvolver todos os trabalhos da Pastoral mesmo com a equipe pequena?
Conseguimos. Todas as ações propostas pela coordenação nacional desenvolvemos aqui, inclusive, agora em Maringá, vai ser implantado um projeto piloto para o Brasil inteiro, vai ser modelo. Maringá e Foz do Iguaçu são as duas cidades piloto que vão desenvolver esse projeto. É em relação à obesidade, porque trabalhamos muito com a desnutrição que ainda hoje existe, mas com uma porcentagem bem pequena. A maior preocupação agora é com a obesidade. Temos percebido que as crianças estão com problemas sérios de saúde por conta , infelizmente, da má alimentação.
O que a senhora espera para o futuro da Pastoral da Criança?
Acredito que é importante que possamos atrair mais voluntários, porque é um trabalho muito gratificante, que nos traz satisfação enorme. A construção da paz deve ser coletivamente, com as atitudes e práticas do bem comum. Se todos nós nos juntarmos para desenvolver um trabalho, por pouco tempo que seja, vai se transformar em um grande trabalho e, com isso, vamos diminuir as desigualdades sociais e promover a justiça social.